Em uma escala de 0 a 10, que nota você atribui a você mesmo
em seu desempenho profissional?
Nem sempre é fácil fazer essa avaliação, não é mesmo? Tente.
(Vou esperar você pensar...)
O que você levou em consideração para se avaliar?
Para muitos, os fatores preponderantes na avaliação são
competências técnicas, conhecimentos, ações, decisões e realizações ligadas às
questões práticas, à produtividade, aos resultados, ou como dito por Santo
Agostinho: são os elementos da nossa caixa de ferramentas.
É verdade que esses fatores são muito importantes. Ao longo
da história da humanidade a valorização desses fatores cresceu de tal maneira
que eles foram incorporados em todos os papéis que desempenhamos na vida.
E, de certa forma, esses fatores se transformaram no “pacote
básico” profissional. Todo mundo tem que ter.
Assim, passamos a perseguir a melhor utilização do tempo,
dos recursos, nos empenhamos em aprender novos conceitos, técnicas, buscamos
organizar e otimizar tudo. Precisamos saber muito, fazer muito.
O curioso é que uma das consequências, do ponto de vista
coletivo, dessa busca acelerada por melhor “desempenho” é o embotamento de
características essenciais para a nossa espécie - humana. É como se estivéssemos imitando o
funcionamento dos computadores, que estão em todas as áreas de nossas vidas. Como
se estivéssemos assumindo comportamentos maquinais.
A questão é: ok, todos nós precisamos de ações, realizações,
resultados, e etc. Mas, em última instância, no substrato das nossas relações
precisamos sentir calor humano.
Quando somos atendidos por um profissional, queremos tudo o
que ele tiver de melhor em sua caixa de ferramentas, mas carecemos também que ele
utilize elementos de sua caixa de brinquedos.
Queremos sentir que a nossa individualidade é considerada. Queremos
sentir que o profissional se importa com o ser humano com o qual ele está
lidando - seja um cliente, um fornecedor, um colega de trabalho, um chefe, um
subordinado.
Carl Jung representou bem esse conceito, quando escreveu: “...conheça todas as teorias, domine todas
as técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana”.
E há um pensamento, atribuído a Che Guevara, que complementa essa ideia: “hay que
endurecerse, pêro sin perder la ternura jamás”.
Carl e Che falam da mesma coisa – calor humano.
Recentemente fui convidada por uma turma de acadêmicos para ser
sua madrinha de formatura e proferir a aula da saudade. Isso me deixou muito
feliz. E isso me fez pensar: "Por que eu?".
Eles tiveram dezenas de professores ao
longo do curso, muitos inclusive tinham o “pacote básico” melhor do que o meu. E que fique bem claro: eu não fui professora “boazinha” com
eles.
O que fez a diferença foi a minha caixa de brinquedos, combinada com a minha caixa de ferramentas, claro. Eu venho refinando e desenvolvendo o uso combinado dessas caixas ao longo da vida profissional, porque nem sempre é simples e intuitivo o seu uso.
Esse exemplo simples, similar a tantos outros por aí, é
apenas para reforçar que as pessoas esperam de nós o uso combinado das caixas... Eis a fórmula!
É preciso “vigiar” o nosso comportamento profissional,
para que o TIC TAC dos sistemas de gestão, da rotina, dos modelos maquinais, do modo contemporâneo de vida, não nos roube os ingredientes especiais da
fórmula do sucesso.
E, em minha humilde visão, sucesso é fazer com amor pequenas,
médias e grandes coisas, sem perder de vista que tudo o que fazemos, fazemos
para pessoas. E as pessoas querem sentir que nos interessamos por elas...
Que dediquemos atenção, tempo e esforços para colocar as pessoas (sua individualidade, história, sentimentos...) em primeiro lugar, antes de cumprir o prazo, antes de finalizar o relatório, antes de bater a meta, antes...
Quando em nossa ação profissional, tivermos
de dizer não, declinar ofertas, repreender, etc, etc, que façamos com ternura. Acredito que isso vale para todos os papéis que interpretamos na vida.
As pessoas são o negócio, sempre foram. Por isso precisamos não apenas saber muito e fazer muito, mas precisamos saber ser muito e saber conviver muito.
Uma boa semana a todos!
Belissimo texto Dani.. Principalmente no momento em que você mensiona sobre a aula da saudade. Sim! a sua caixa de ferramentas nos proporcionou um aprendizado enriquecedor nos fazendo prodissionais melhores, mas, a sua caixa de brinquedos, Ah! A sua caixinha de brinquedos, essa sim nos conquistou, nos ganhou, pois "brincamos" e tivemos momentos agradáveis, inesquecíveis que serão eternizados em nossas memórias. Este texto nos leva a refletir sobre nossas açoës, atitudes, devemos tratar o outro como gostaríamos de ser tratados pois afinal somos todos humanos, com sentimentos e perder essa essencia nos tornará sim máquinas. A mudança está dentro de nós mesmos e basta cada um buscar-la e colocar em prática para o bem comum.
ResponderExcluirBelo texto. Parabéns Dani. Bjos! Boa noite!.
Silmara! Eu sou grata pelo seu carinho e reconhecimento. Ao valorizar esses momentos que compartilhamos, você demonstra carregar consigo valores que nos tornam um ser humano melhor... Afinal, como dito por Leminski: "você precisa ser tão poeta para entender um poema quanto para fazê-lo". Um grande abraço!
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