Nem maquiagem, nem marketing verde – Capitalismo Consciente!


Arquivo Pessoal
Venho falando sobre empreendedorismo há alguns posts, e, nessa semana, um pensamento tomou conta das minhas “matutações” – a responsabilidade social e a sua importância para uma sociedade sustentável e justa.

Na verdade, essa trama de pensamentos foi iniciada por um momento fortuito, mas providencial.

Eu estava utilizando os serviços de um caixa rápido em um shopping, e ao terminar, quando já saía apressada (estou sempre apressada... preciso muito trabalhar minha gestão do tempo.... acho que vou ler umas dez vezes o último post da Gilze rsrs....) fui abordada por um funcionário dos Correios, perguntando se eu não gostaria de “apadrinhar” uma cartinha da campanha “Papai Noel dos Correios”. Aquela proposta me pegou de jeito... foi como se eu tivesse sido colocada em “slow motion”, enquanto o resto do mundo seguia apressado. Como nos filmes, sabe?



Lutando contra minha pressa, eu parei, ouvi o que ele tinha para dizer, li várias cartinhas que ele tinha em mãos e levei duas comigo... E as histórias ali escritas ficaram ecoando em minha mente... Então, está chegando o Natal...

Ao sair do shopping esse pensamento me fez lembrar que eu havia, há poucos dias, colaborado com uma colega na realização de um bazar para arrecadação de fundos para compra de cestas básicas a serem distribuídas no Natal...

Pensei também em um pedido postado recentemente pelo Antônio Carlos, em rede social, buscando voluntários para o transporte de donativos a uma entidade local.

E de novo - então, está chegando o Natal... E o que nós temos feito?

A partir daí, rios de sinapses me levaram ao tema-mar de hoje: responsabilidade social de cada um e de todos, das pessoas físicas e dos negócios.

Responsabilidade social não é fazer ações no Natal... Isso nós sabemos. Sabemos?

Responsabilidade social tem sua origem na sabedoria de servir, que aprendemos do Mestre dos mestres, “amar ao próximo como a nós mesmos”, e aprendemos também da natureza – serve a nuvem, serve o vento, serve a chuva....

Como escreveu Gabriela Mistral, onde haja uma árvore para plantar, planta-a tu; onde aja um erro para corrigir, corrige-o tu, onde haja um trabalho e todos se esquivem, aceita-o tu.

No caso das empresas, quando de forma voluntária elas adotam posturas, comportamentos e ações que promovem o bem-estar dos seus públicos interno e externo, dizemos que cumprem sua responsabilidade social.

E, de acordo como Instituto Ethos, responsabilidade social é também implementar políticas e práticas que atendam a elevados critérios éticos. Essa é uma questão muito importante, e nos remete ao título desse post.

Infelizmente, para muitas pessoas e empresas o valor maior está na imagem, está no “parecer” ser política, ambiental e socialmente correta, satisfazendo à onda de conscientização da sociedade, que, por modismo ou não, está cada vez mais atenta aos rótulos dos produtos e às ações das empresas.

Cria-se nessa situação apenas uma maquiagem, ilusões de “marketing verde”, sem o real cumprimento das políticas de sustentabilidade.

Contrapondo essas práticas, há poucos anos, teve início nos EUA um movimento chamado Capitalismo Consciente (!). Uau... Esse nome nos leva a uma série de questionamentos... Porque quem estuda o capitalismo sabe que, em sua gênese, está a máxima de que para um ganhar o outro tem que perder, e que sua existência depende do consumo e da acumulação. E daí decorre uma série de malefícios sociais como a desigualdade, exclusão social, etc.

Então, o movimento do Capitalismo Consciente une o que é pressuposto do capitalismo - melhorar o desempenho das empresas (o que inclui livre mercado, empreendedorismo, concorrência, liberdade de comércio, direitos de propriedade e Estado de direito) e, simultaneamente, promover a qualidade de vida de bilhões de pessoas.

Não é tarefa fácil, mas o movimento desafia os gestores a repensarem por que seus negócios existem e a reconhecer os papéis de suas organizações no mercado global.

As melhores empresas entendem isso e estão gerando todas as formas de valor que importam: emocional, social e financeiro. E estão fazendo isso não porque é "politicamente correto", mas porque é o caminho atual para a vantagem competitiva de longo prazo.

É muito mais sobre a forma de conceber e construir um negócio (ou minha conduta de vida) do que uma resposta às noções externas do que conta como "socialmente responsável" ou pressão externa.

A reflexão que proponho hoje, com esse post, para você como cidadão, como profissional, e como empresário (se for o seu caso), é:

O que tenho feito para promover o que prega o Capitalismo Consciente?

Tenho tratado a todos como gostaria de ser tratado? Com compreensão, equidade, bondade e compaixão?

Tenho promovido condições para que aqueles que estão ao meu alcance tenham a mesma decência e dignidade, a mesma honestidade e integridade, o mesmo calor e a mesma preocupação que eu quero que tenham comigo?

Eu conheço e me sensibilizo com as necessidades dos outros?

Se você está pensando em como essas questões subjetivas podem ser aplicadas em um negócio, vou utilizar um exemplo publicado na edição dessa semana da revista ISTO É – como uma empresa do ramo da construção civil pratica o capitalismo consciente:

Entre outras ações, nos canteiros de obra, os resíduos que iriam para as caçambas são processados para virar blocos de concreto e bloquetes para piso. A cada R$ 25 mil economizados, a empresa coloca outros R$ 25 mil na construção da casa de um funcionário, que usará os blocos reciclados. Em 2,5 anos de atuação foram doadas nove casas. Os trabalhadores interessados recebem ainda cursos profissionalizantes e em 14 anos, oito ex-serventes se tornaram engenheiros!

Há muitas formas de se praticar o Capitalismo Consciente...

Pense... o que você pode fazer como pessoa, como profissional ou como empresário para fortalecer o movimento?

Mãos à obra!

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