Seus Olhos Profundos Indagam...

Arquivo Pessoal
Não existem certezas absolutas ao se lidar com pessoas.

Em nossa vida pessoal e profissional, seja qual for a área em que atuamos, lidamos com pessoas. E à medida que vamos acumulando experiência de vida, amplia-se a nossa responsabilidade de contribuir para a melhoria do outro, ou seja, a responsabilidade de nos tornar educadores.

Educar é transformar. Propiciar condições para que o indivíduo construa sua cidadania.

È necessária a consciência de que se pode construir novas relações consigo, com o outro, com o mundo, levando em conta a realidade das pessoas com as quais se está envolvido e seu poder de quebra de paradigmas.

Em alguns momentos é preciso se distanciar do processo e ser espectador da própria prática. Em outros é necessário inserir-se no meio, viver sua realidade, solidarizar-se.

Criar vínculos fortalece o outro, e o caminho mais fácil é conhecer a sua história de vida. Mas, é preciso ter cuidado para resistir à ilusão de que podemos dar ao outro tudo o que ele necessita. É preciso sonhar o impossível, realizar o possível. A seqüência de realizações possíveis leva ao que parecia impossível.

Cabe a cada um de nós pessoa-profissional-educador encontrar um jeito de transformar a si próprio, o outro, a comunidade, as relações entre as pessoas.

Há uma poesia de Carlos Drummond de Andrade, que há muito tempo me toca e acredito que complementará esse post na exata medida – considerando que todos somos meninos numa eterna busca pelo crescimento:

Não há que desesperar do homem,
temos ainda — arca de surpresas — os meninos,
e é proibido antecipar a sorte.

Degustam bem aventuradamente
um naco de melancia,
acomodam-se numa caixa de biscoito,
aderem ao carnaval.

Seus olhos profundos indagam:
— Que fazes por mim?

Não sabemos responder,
mas os meninos continuam,
esperança de todos os dias
e promessa de humanidade.

(Carlos Drummond de Andrade)

Baseado nas ideias do livro: Aprendendo a ser e a conviver, de Margarida Serrão e Maria Clarice Baleeiro, Editora FTD, 1999.

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